POR QUE EU BORDO? – MARINA

“POR QUE EU BORDO?” é uma série de textos que começa hoje trazendo as respostas de vocês para essa pergunta. Vamos compartilhar a nossa história com essa técnica incrível, e conhecer as histórias de outras bordadeiras – profissionais ou amadoras. Para participar, envie sua resposta para querobordadologia@gmail.com, escrito POR QUE EU BORDO? no assunto. Teremos texto novo quinzenalmente, sempre às terças feiras.

Vamos lá? Hoje é o dia da Marina contar a história dela.

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A Marina tem um trabalho lindíssimo e delicado, que você pode (deve!) conferir clicando AQUI.

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Porque eu bordo? 
Numa sentença simples, e resumindo muito, eu bordo porque eu gosto de colorir. Como eu amo um lápis de cor… Mas, se tem um jeito difícil de fazer alguma coisa, pra que fazer do jeito fácil? Não é mesmo? Lápis de cor é fichinha diante de uma bela paleta de linhas e algumas agulhas. 
Brincadeiras a parte, eu realmente gosto muito de colorir. Minha formação é em pintura. Estudei artes visuais na escola de Belas Artes da UFMG, numa outra vida distante…
Sempre gostei muito de pintar, desenhar e colorir. Gostava de fazer isso tudo muito grande. Fazia minhas próprias telas, para depois poder enrolá-las e guardar. Acho que meu gosto por tecido começou daí… Como eu amo um cheirinho de lona crua…
Minha vida também foi um pouco nômade, mas isso é papo pra outra conversa. Nesta conversa, minha vida nômade só é importante para que vocês possam entender que eu tenho uma grande capacidade de me adaptar. Vou indo pela vida e dançando de acordo com a música.
A música começou a ficar muito diferente, de verdade,  foi quando minha filha nasceu. Hoje ela tem 11 anos. Quando ela nasceu eu morava na Venezuela. Era um lugar muito difícil de viver, havia poucos recursos e eu tinha muito medo de sair na rua. Mas o universo é muito bom para mim e colocou pertinho da minha casa, a um quarteirão e meio, a lojinha de materiais de artes mais legal que eu já havia visto. Olha que presente da vida. Essa lojinha da esquina de casa era ainda mais legal do que a lojinha mais legal do mundo, que fica dentro da escola de Belas Artes ( está lá até hoje, a lojinha do Vavá ). Como eu ficava muito em casa, passei a fazer tudo muito pequenininho, com uma tinta muito limpinha: a aquarela. Foi uma descoberta. Com um bebê recém-nascido, quanto menos bagunça melhor e a aquarela foi um presente do mundo para mim.
Depois, já de volta ao Brasil, e agora com uma menininha de dois anos, outra vez eu tive que me adaptar. Tarefa de mãe é levar filho pra baixo pra cima. Natação, balé, escola… gente, reparem nas escolas de atividades extras de criança: todas são lotadas de mãe esperando. Pensa numa angústia, para uma pessoa com as mãos inquietas e a cabeça que não para de pensar, ter que ficar várias horas por dia sentada, escutando assuntos indescritivelmente chatos, de mães desocupadas, que estão por conta das crianças… Isso era o inferno na terra…

Bom, eu não sei dizer exatamente quando e como eu descobri o bordado. Mas ele entrou na minha vida para me salvar dessa angústia de acompanhar criança e ficar sentada sem fazer nada. O bordado era algo que eu podia transportar, sem ocupar espaço demais, sem fazer sujeira demais, e que me permitia colorir e entrar em contato com meus próprios pensamentos ao mesmo tempo que me livrava das outras mães e seus dramas… Por favor não me julguem… É até um pouco cômico quando eu penso nessa minha rota de fuga. Mas o bordado é realmente uma ferramenta maravilhosa. Ele é lento e tem que ser feito com capricho. Ele faz a gente perceber a passagem do tempo com muita clareza. E como isso é importante pra vida toda. Ter consciência do tempo que passou e não vai mais voltar. E de quebra, ver depois do tempo necessário, um desenho lindo, colorido e gordinho de tantos pontos. Essas pequenas alegrias são as que nos mantém sãos para passar pela vida. 
Mas não se enganem. Apesar de eu ter usado o bordado como rota de fuga para não conviver, o bordado me trouxe algumas amigas maravilhosas. Gente cheia de sabedoria, cheia de histórias para compartilhar, gente generosa, e este foi o meu maior presente.
Depois de um tempo a gente entende, que a rota de fuga na verdade é o desvio pro caminho certo. A gente sente no coração quando está no caminho certo. Sem esquecer que, de tempos em tempos, o caminho muda.
Não percam a oportunidade de sempre experimentar uma nova rota. 
Um beijinho, Nina. 

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Esse conteúdo é um oferecimento de BORDADACIONÁRIO – seu guia de pontos do bordado livre!

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